jeudi 8 novembre 2007

Moyen âge

Moyen âge


ou

uma época em que todos eram de Meia Idade



Depois de algum tempo de silencio volto a manifestar-me aqui da Terra da Baguete. Primeiramente gostaria de manifestar meu desagrado em relaçâo aos contantes deboches que alguns de vcs subdesenvolvidos tem feito com relaçâo ao nome deste blog. Repito, estou na Terra da Baguete, sem nenhuma conataçâo sexual. Vocês soh pensam em sacanagem aih !!! Acho que eh o calor que estimula seus hormonios indigenas e antropofagicos. Eu aqui venho sofrendo de abstinencia hormonal desde que a temperatura caiu afastando meus desejos mais indigenas…Devido ao imenso tempo desde meu ultimo contato tenho muito a contar. De fato, comecei a investir meu tempo no estudo do povo do desodorante vencido. Alias, diga-se de passagem, aqui na França tem um desodorante que tem prazo de validade de 72 horas, segundo o fabricante. Hahaha !!! Sério mesmo ! Estou pensando em fazer essa experiencia antropologica com esse fenomenal produto . Claro, tudo em nome da ciência e do capital em mim investido por vcs e pelo grande cacique Lula.





Mas antes disso, resolvi me aprofundar nos antecedentes do mal cheiro, e cheguei na Idade Média. Convidado por amigos, alguns dos quais vacilôes que deram para tràs na ultima hora, fui para uma cidade medieval chamada PROVINS, que fica a uns 100km de Paris. Uma das primeiras coisas que percebi em meio aos castelos, muralhas e torres foi que as crianças aqui na ZOROPA tem outra infancia. Deve ser facinante ouvir as historias de fadas, castelos, cavaleiros, servos e senhores, tendo ao seul ado livros e cenarios que dão conta dessa realidade. A infancia aqui deve ser realmente outra. Subir na torre de guarda, que tb foi prisao, entrar no quarto do governador, foi fantastico. Soh eh pena que tudo seja muito limpo, muito cheiroso, e com certeza nao era assim na epoca. Mas jah estou eu falando atraves dos narizes franceses.



Provins foi uma cidade medieval muito importante entre 1100 e 1300 + ou -. Era uma cidade na rota de Champagne, nome do atual « Estado » no qual ela se situa. Ou seja, para chegar a Provins tive que sair de «Île-de-France », onde se situa Paris, e ir para o « Estado » vizinho de Champagne. Pois eh ! Alias, viajar na ZOROPA eh barato, como jah disse em outro post, desde que nao seja para perto, como foi o caso de Provins. Gastei uns €30,00 para ir e voltar. Com essa grana dah pra ir ateh Atenas em março. Estou pensando seriamente em ir lah comprar um presente de grego para alguns de vcs! Ha ! Mas to pesquisando tb uma ida ao Egito, acho que nao deve ser muito caro ! Mas dizia eu que Provins era uma cidade muito importante, pois estava na rota commercial que levava produtos das cidades italianas até Flandres, atual Holanda. Todas as cidades na rota desenvolveram seu comercio , seu artesanato. Em Provins de 1200 vc poderia encontrar todos os produtos do mundo entao conhecido: grãos do Egito e da Sicilia, ferro da Alsàcia, tecidos da Holanda, azeitonas da Grécia. Havia no meio da praça central uma igreja toda branca por dentro, onde a Joana D’arc em pessoa teria passado dizendo que viu Deus e que ele a disse para salvar os franceses. Eh, pois é… e depois o louco é o bispo Macedo.



A cidade estava vazia, dava a impressão de que a epoca de turismo havia passado, poucas pessoas na rua, muita coisa fechada, muito frio na vielas ! Mas foi muito legal. Visitamos umas cavernas de onde eram retiradas uma especie de oleo para tornar as roupas mais resistentes ao frio. Pena que nao dava para tirar fotos das cavernas. De qualquer forma fiquei fascinado nao soh com as reminicencias medievais : durante o caminho entendi porque os exercitos medievais sempre se encontram num campo de batalha plano, sem mata, um terreno como que a esperar pela carnificina. Todo o caminho de Paris ate Provins era assim, e acho que grande parte da Europa também. As matas aqui sao bosques, tao famosos na terra de Robin Hood, « al otro lado de la mancha ». Provins mesmo eh uma cidade pequena, especialmente a cidade historica. A parte « muderna » nao e tao grande, mas tinha uma industria de nao sei o quê que deixava o arc om cheiro de pão. A volta levou uma hora e meia ateh Paris, de trem, que nos deixou na Gare de l’est.



Um final de semana de pobre em Paris



O ultimo domingo passado foi o primeiro domingo do mês de novembro. E como aqui na Terra da Baguette todo primeiro domingo de cada mês os museus sao de graça, resolvemos excercer nosso direito de pobre e partir pra dentro (do museu, para os maliciosos). Acho que esse deve ser o capitulo um do livro PPP (Paris para Pobres). Tem fila, lotaçao maxima, fura-filas cara de pau, figuraça metido a inteligente olhando quadro que tem em toda coletania de arte desde que o mundo eh mundo e, para estragar tudo, muito brasileiro. E brasileiro fora da tribo eh pior do que dentro. Nada mais pobre. Entao partimos sem medo, jah maliciosos e espertos tanto quanto possivel, especialmente depois de experiencias de piquenique em Paquetà. Mas esqueci meu almoço, o que nos trouxe algum contratempo.Partimos por volta das 9h, eu, Marco, Renata, Carol e o Luis. Nosso plano era fugir do Louvre, pois as filas prometiam ser gigantescas e todo mundo se cansa nesse museu. Decidimos entao começar pelo Museu Medieval. Legal. Mas comecei a ficar enfastiado jah no começo. Confesso que nao sou muito de museu. Sou um historiador que nao tenho nehum interesse por museus… Logo depois fomos ao Museu d’Orsay, que muita gente prefere ao Louvre, especialmente pelos quadros impressionistas… mas que nao me impressionaram muito. Bem… eles sao legais, claro, mas nada de melhor das diversas reproducoes existentes em coletaneas de arte. Parece que as pessoas soh vao a esses museus para reafirmar esse gosto. Sao bonitos, mas soh. Mas a cidade e tao mais viva que os museus. Alias me sinto meio como que em meio a um necrotério num museu. Nao entendo pq é aconselhavel a se falar em voz baixa dentro de um museu ; as pessoas cochicham impressoes imprecisas sobre impressionistas impressionantes olhando precisamente a preciosa pincelada do pintor postumo, como que a admirar seu mais novo cadaver. PQP!!!O tom de silencio e a aura do ambiente soh contribuem para essa falta de vida dos museus. Alias todo museu eh morto. Sinto falta da cultura viva, pois no museu soh vejo carcassas expostas como num açougue. Nao que as peças nao sejam bonitas, mas falta alguma coisa. Acho dificil analisar a criatura sem seu processo de criaçao, sua construçao de hegemonia, sua imposiçao como padrao de arte, etc… acho complicado analisar pedaços de arte, tanto quanto acho impossivel verificar a qualidade estetica de um musico a partir de uma musica e nao de um LP ou CD. E no Orsay tem de tudo : estatuas, fotos, desenhos, pastel, pinturas, maquetes, moveis… Sei lah, muito estranho… Parece que tem do alfinete a bomba atomica!!! A rua eh tao mais viva que fiquei culpado de passar o dia no museu num dia de sol, que cada vez se torna mais raro. O museu soh tem a arte que jah foi e isso eh o que menos me interessa. Van Gogh nao sabe o que o fez ser VanGogh. Para ser VanGogh outro pintor terà que chutar o balde do Van Gogh… Talvez terà que cortar outra coisa….


Alias o Orsay jà foi uma antiga estação de trem. Confiram o antes e o depois:






















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Uma baguete atômica






Por falar em Bomba Atomica outro dia me aconteceu um episodio que poderia ter sido a suprema experiencia antropologica, mas que devido q incompetencia deste que vos fala, nao aconteceu. Estava eu indo para minha conversaçao de frances que faço de vez em quando nos fundos da igreja Saint German de Près. De repente, quase em frente a igreja um grupo armado de microfones e camera de filmar me perguntam se eu poderia dar a opiniao de um frances sobre as usinas nuclares francesas para a tv americana !!! Por misésimos de segundos meu Homer Simpson veio a tona. Agora era a hora de abrir o bico contra as industrias nucleares. Mas o que falar ? O que dizer ? Nao sabia nada sobre o programa nuclear frances !




Apenas sabia que a maior parte da eletricidade francesa proveem de usinas nucleares, e que os americanos fizeram testes em suas colonias da Polinesia, no oceano Pacifico. Na decada de 40 um destes testes ficou famoso e o lugar onde ele aconteceu deu nome a moda daquela época que, graças ao bom deus, veio para ficar : o bikini. Eh serio ! Entre 1946 e 1970 o Tio Sem Noçao explodiu mais de vinte bombas no atol. Vivendo e aprendendo… Resta agora saber de onde vem palavras como canga, maiô, sunga, e outras que deixo a vcs desocupados! Em outra vida mediocre estive lah e tirei a foto acima milésimos antes de morrer atingido por um bikini voador que me dacapitou com sua velocidade atômica.


De qualquer forma meu cérebro de Homer Simpson nao foi capaz de projetar nenhuma critica e me vi coagido a dizer que era brasileiro. Entao minha opiniao de indio foi prontamente renegada, embora gentilmente, pela televisao americana.


Entao cheguei em casa disposto a uma pesquisa atomica. Pena que foi um pouco tarde e que minha bolsa nao cubra esses custos. Tenho certeza que se o Enéas tivesse vivo e presidente (56!) eu teria ganho um extra para inicià-los no mundo atomico da Terra da Baguette. Antes tarde e pobre do que nunca, vamos lah !Proporcionalmente a França eh o pais que mais depende da energia atomica no mundo inteiro. Hoje 80% da energia francesa vem das usinas nucleares!!! Sei que você ecologista odiou essa noticia. Mas pense bem, para que a baguete fique quentinha eh preciso explodir uns atomozinhos de vez em quando, nao é ? Esses bagueteiros…





Mas o primeiro pais a dominar a energia atomica e construir uma usina foi a URSS. Eh por essas e outra que a URSS jah foi tarde ! De qualquer forma a terra da vodka instalou seu primeiro reator nuclear em 27 de junho de 1954, numa cidadezinha pacata chamada Obninsk, a 100km ao sudoeste de Moscou. Na foto acima a central de Obnisk.


Enciumados, os bagueteiros resolveram mostrar que tinham o piru maior que os cachaceiros de vodka (desculpe o termo mas a Guerra Fria foi uma masturbação econômica dos 2 lados) e construiram a segunda usina nuclear do mundo, a Marcoule, às margens Rodano, perto da Côte D’azur. Eh impressionante como essa galera gosta do perigo de destruir paraisos. Eh quase um fetiche pela maçã… De qualquer forma, em 7 de janeiro de 1956 os bagueteiros estrearam na onda da guerra fria dizendo : « foram eles que começaram primeiro, mãe ! » . A culpa sempre eh do vizinho... A terra da baguete foi o primeiro pais capitalista a ter usinas nucleares!!! Antes mesmo da Inglaterra, que soh no final daquele ano começou as atividades nucleares em Sellafield, e dos EUA, que soh iniciou-se no mundo das usinas nucleares soh no ano seguinte com a ativaçao do reator de Shippingport!


Ameaçados pela genitàlia alheia os bagueteiros nâo perderam tempo e inauguraram sua segunda usina em 1957, a de Chinon, as margens do rio Loire. Os franceses garantiam assim que, apesar do biquinho, eram machos mesmo e tinham mais piru do que todo o resto do mundo, mesmo no Bloco Capitalista. Desde entao a Terra da Baguete construiu mais de 58 reatores em 19 usinas espalhadas pelo pais. O numero de usinas aumentou consideravelmente apos as crises do petroleo durante a decada de 70 e foi crescendo até a decada de 90. Assim a França substituiu sua fonte de energia, tornando-se uma potencia em exploraçao de energia suja e extremamente poluente.


E o que se faz com os residuos ? Nada me convence que valha a pena apostar nessa tecnologia, a nao ser que o meu proximo baguete esfrie ou nao cozinhe direito.


A maior destas usinas eh a de Paluel, que fica no norte da França, proximo ao Canal da Mancha, Ela utiliza o mar para resfriar o reator, de forma identica a Angra I e II. Lah trabalham mais de 1500 pessoas. Seus quatro reatores demoraram 9 anos p serem construidos, entre 1977 e 1986. Resta saber se as aguas ao redor da usina sao aquecidas pelo resfriamento do reator, como acontece em Angra, onde algumas praias proximas tiveram sua temperatura aumentada !!! Não consegui uma foto de usina de Paluel, mas garanto que ela eh bem parecida com a Usina de Gravelines, embaixo na foto. Reparem que esse tipo de usina nâo tem a tal "chaminé"!Uma coisa percebi durante essa pesquisa. As usinas nucleares sâo de 2 tipos basicos : aquelas que resfriam o reator com agua de rio e com agua do mar. Ambas precisam estar perto de uma fonte de agua perene para resfriar-se e controlar o processo de fissao atomica. As primeiras sao talvez as mais conhecidas e tem aquela estrutura visivel e gigantesca que parece a boca de uma chamine enorme, de cimento, jogando vapor para cima. Eh aquele modelo classico que està na Springfield dos Simpsons ! A maior parte das usinas da França são assim. Confira nas fotos vàrias delas:




































O coraçâo da usina, o reator, nâo é a construçao grande, mas o prédio menor ao lado!!!





No caso da usina nuclear a beira do mar a chaminé nao é necessaria pois parece ser facil jogar a agua utilizada no mar sem a necessidade de resfria-la muito pois o proprio mar pode, aparentemente, se encarregar disso. Por isso as usinas nucleares a beira do mar nao têm a tal chaminé e apresentam como maior construçao somente o predio do reator, que eh relativamente pequeno. Veja como a usina de Gravelines é muito parecida com a nossa Angra I e II (foto abaixo).








Nao posso deixar de afirmar que a falta da chaminé me causou uma frustraçao no dia em q vi a usina de Angra pela primeira vez ha pouco tempo atras. Se eh para ter uma usina e acabar com o mundo a longo prazo, antes tivessemos um piru maior que o dos outros, né?




Bem amigos indios, aqui acabo meu relatorio sobre esse povo nuclear que, segundo prognosticos por mim esboçados ao ver anotaçoes secretas de Nostradamus, corre serios riscos de mutaçoes num futuro proximo.




Alias, como bom agente de nossa tribo infiltrado em terra do desodorante vencido sinto-me obrigado a reportar que os bagueteiros possuem armas de destruiçao em massa capazes de destruir o mundo algumas trocentas de vezes… Sei que isso é inutil, mas faz bem para o ego deles ! Prova que eles sao mais picudos e pegariam qualquer « mulé » com ou sem desodorante 72h dentro da data de validade ! Resta esperar que o Bush enforque o Sarkozy como fez com o Saddam quando "descobriu" que ele tinha armas de brinquedo de destruiçâo em massa! Aquele abraço mutante pra quem fica,





Gustavo






ps.: confiram a quantidade de usinas nuclares do mundo!!!



















1 commentaire:

Carrie, a Estranha a dit…

Óooootimo post. Sensacinal. Morri de rir!

Me lembrei q adorei o Museu d'Orsay, mas como um turista louca sem loção, cheguei quase na hora q tava fechando, pois fiquei umas duas horas na fila. Mas o mais legal de Paris - e da Europa e de qualquer viagem q se faça - é andar pelas ruas. Muito bom andar simplesmente, vendo as coisas e sentidno com um outro tempo.

Confesso q pulei a parte das Usinas Nucleares! Rsrsrs...mas vc não disse o q respondeu para os caras da TV?