vendredi 19 octobre 2007

Chifres, greve, baguetes


























Confesso que desde que cheguei na Terra da Baguete pouco me envolvi com a politica propriamente dita.
Talvez porque estivesse mto preocupado com a politica do cotidiano. Que eh tao importante qto a politica formal. Alias, entender as normas sociais sâo os objetivos declarados deste blog, que visa ser um alienigena (terraqueo) em marte.
Mas essa semana nâo pude deixar de me envolver com a politica formal da Terra da Baguete. E nada mais apropriado a este blog analisa-las sobre um viés quase, repito quase, inutil.
Como jah se cantou: "inutil, a gente somos inutil"; mas nao deixamos de dar nosso pitaco indigena na civilizaçao dos brancos fedidos.
Uma greve mexe com a França atualmente. Os "cheminots" , operadores ferroviarios da Terra da Baguete, cruzaram os braços em protesto contra as politicas do presidente recentemente eleito Sarkozy. Este eh o primeiro enfrentamento de peso do governo de Sarkô desde q foi eleito no primeiro semestre desse ano. Todos os TGVs, RERs (trens q cruzam Paris), metrôs , tramways e onibus pararam na quinta, fucionaram mto pouco na sexta e no sabado o pau promete continuar. Nâo custa lembrar q na Terra da Baguete o transporte ainda é gerido pelo Estado. Longe de ser um enconsto o transporte publico eh extremamente eficiente, o que talvez explique o poder dos servidores de parar o pais e, especialmente, a Terra de Ratatouille, vulga Paris. A greve jah vinha sendo anunciada hà algum tempo, e todos jah a esperavam. De fato ela nâo eh um protesto pontual por mais salarios, mas uma greve politica contra as mudanças pretendidas pelo governo de Sarkô.
Segundo meus parcos conhecimentos conseguiram sugar da realidade, a greve eh contra a mudança do sistema de aposentadoria pretendida por Sarkô. Segundo me disseram, os “cheminots” sâo empregados pelo Estado sob a condiçao de um emprego bastante duro, que lhes cobra trabalhos inclusive em alguns finais de semana, afinal a Terra da Baguete nao pode parar. Como beneficio eles ganharam decadas atras o direito de se aposentar aos 55 anos de idade. Garantias do honroso Estado do Bem Estar Social europeu , cada vez mais carcomido pelas medidas neoliberais de maximizaçâo do lucro alheio. Sarkô quer mudar o « contrato » assinado pelos ferroviarios desde a montagem do estado frances moderno, desde fim da II Guerra Mundial. Ele quer todos tenham os mesmos direitos, ou seja, os « cheminots » teriam q se aposentar aos 65 anos de idade (e 37,5 de trabalho), como todos os franceses. Em nome da igualdade Sarkô acusa os « cheminots » de serem injustos com a sociedade e de causarem dividas na Previdencia (blablabla – parece ateh discurso da Veja). Para igualizar todos, Sarkô opta pela otica liberal e igualitariza todos por baixo, ou seja, se tem gente q trabalha mais tempo q os « cheminots », deve-se fazê-los tâo explorados qto estes…. O governo parece joga trabalhadores contra trabalhadores, algo muito parecido com nossa Terra das Bananas, na qual os servidores publicos tiverem suas aposentadorias baixadas ao nivel dos da iniciativa privada. E quantos nao foram os « homis de negocio » que vi criticando os « privilegios » dos servidores publicos…. Eh a logica do mais fudido… Imagina se todos souberem q na China se trabalha como um corno, ganha-se centavos, vive-se numa ditadura…. Serah q vamos querer imità-los em sua mediocridade tb???
Como eu nâo concordo com essa logica da mediocridade jah me indisponho com o governo q me abriga e nao tardarei a colocar fogo num automovel… Como jah disse Caetano Veloso (vulgo CV para os intimos, grande colaborador da organizaçao armada carioca de mesma sigla): “eu sempre quis muito/mesmo q parecesse ser modesto/juro q eu nâo presto/ eu sou mto louco (…) eu nunca quis pouco/Falo de quantidade e intensidade/Bomba de hidrogênio/Luxo para todos, todos” (Muito, de 1978).


Aliàs, o supremo comandante da facçâo carioca esteve aqui infiltrado para um show no Le Zenith, exatamente no dia de minha chegada, como veem na foto.

O Jornal Le Monde, num surto de compaixâo ingénua por nohs indios, apoiou um elemento q jah vem ha algum tempo contribuindo para o aumento da radicalidade nacional. Esses estrangeiros…
Contra a logica da mediocridade, os bagueteiros (me recuso a usar o termo piqueteiro: novas realidades demandam novos conceitos) resolveram protestar. E tenho uma proposta a fazê-los: sou claramente favoravel a utilizaçao das baguettes em substituiçao as armas de fogo em suas futuras revoluçôes. Alem de advogar o fim das armas de fogo, vislumbro duas vantangens na mudança: 1) a Guerra nunca mais provocarah fome ; e 2) em nada se perderah em relaçao ao poder de infrigir dor ao inimigo, jah que as famosas baguetes sâo duras aqui… muito duras msm… ninguem merece, nem o hungaro (e hungaro nâo eh xingamento) do Sarkozy… Ah, q saudade do francês do Manuel… Os portugueses eh que sabem fazer um pâozinho francês.
Me falaram que hoje, sexta, houve uma manifestaçao na Pça da Bastilha onde 25 mil pessoas protestaram contra Sarkô e suas politicas. Eh um pouco longe daqui, mas acho q nâo vou perder a oportunidade de comparecer in loco a uma manifestaçâo. Nada mais digno de uma EA na Terra da Baguete. Afinal, eu sou a unica fonte in loco para vcs, indios da Terra dos Papagaios. E a impreensa aqui parece nao dar bola para os grandes protestos… nada muito diferente da nossa tribo. Nâo tenho conhecimento suficiente para dizer que trata-se de uma imprensa marrom, mas definitivamente usa um cachecol azul bleu e perfume Azarro para iludir nossos sentidos atraves de um sentido melhorado. Tb algo parecido com nossos meios de comunicaçao.
Ao msm tempo nao posso deixar de descrever um certo incomodo q sinto acerca do quase consenso q ha entre os brasileiro em relaçao ao Sarkô. Todos brasileiros, sem exceçao, parecem nutrir um rancor pela figura desse politico, o q chega me parece uma coisa meio estranha. Eh mais ou menos como os brasileiros se sentem em relaçao ao Bush : ainda estou pra conhecer um q eh a favor do presidente americano. Na ultima eleiçao americana, fui o unico a « votar » a favor de W. Bush em conversas de bar… Nao por gostar de sua politica, mas por achar q ele d fato representa claramente a maior parte da sociedade americana. Soh o M.Moore nao acha isso. Infelizmente ele representa a sociedade americana, e o melhor caminho contra isso nao eh negar, debochar de suas gafes, ironizar sua « loucura » iraquiana, apontar o dedo contra suas falcatruas… Hah de se reconhecer q ele nao eh marciano (afinal o marciano neste blog sou eu; e repudio q haja tal ser em meu planeta) mas produto da sociedade vaca-garoto, ou seja, cowboy. Com Sarkô acontece o msm. Parece q todo mundo eh contra. E o pobre do Sarkô acabou de tomar chifre da esposa, q pediu o divorcio essa semana . Pois eh, aih a galera pega no peh do cara pois alem de fdp o cara eh corno…

Mas como o corno eh o ultimo a saber , quem debocha do chiffre alheio…. Sabe como eh, acontece o q todo comentarista errado fala : « quem nâo faz leva… »
Os brasileiros se opoem a Bush e a Sarkô, mas eles representam politicas largamente defendidas por grande parte da sociedade brasileira:
Bush eh a favor das armas: no Brasil os armamentistas ganharam o “plebiscito”, o q me causou certo medo do rancor imediatista cada vez mais presente em nossa tribo; Bush tem tropas no Iraque, nohs no Haiti; Bush tem interesses petroleiros no Oriente Medio, nohs no gàs da Bolivia; Bush acha q violencia eh o caminho para sair da terrorismo, em nossa tribo cada vez mais ganha espaço o discurso da repressao policial total (bandido bom eh bandido morto!!) como unica saida de nosso contexto de violencia. Taih o “Tropa de Elite” para comprovar.
Sarkô eh a favor da mediocrizaçao das leis trabalhistas, da igualitarizaçao da exploraçao, da perda dos direitos dos trabalhadores em nome da maximizaçâo dos lucros do capital; os governos brasileiros fizeram exatamente isso ao longo dos anos 1990-2000, de Collor a Lula, passando por FHC e Itamar. Sarkô conclui o desmonte do Estado de bem-estar social tao arduamente construido no pos IIGuerra Mundial; nos, indios, destruimos o estado de Bem-estar social q nunca tivemos.
Que fazer ? A questâo eh complicada, mas para simplificar prefiro acusa-los de “pouco evoluidos”. Acho que merecem ganhar uma nova chance de matar um rei (e uma rainha perua). Imagina se na nossa tribo pudéssemos colocar toda a nobreza q aparece na revista “Caras” e no « Programa Amaury Jr.” na guilhotina!!!! Hahaha
Acho q ha huma soluçao mais facil : eh preciso uma revoluçao no cotidiano ; uma revoluçâo contra as baguettes duras desta terra. Acho q a melhor saida para a França seria uma revanche de D.Joâo contra Napoleao, sendo que desta vez nossos irmaos da terrinha promoveriam uma invasao portuguesa capaz de ensinar os franceses a fazer pâo. A partir dai toda e qualquer revoluçao serah mais facil pois as antigas baguettes poderâo usadas como artefatos de guerra contra o explorador.

Experiencias antropologicas na terra da baguete


O primeiro dia eh soh experiencia antropolgica!!!! A primeira impressâo da França nao foi boa... o primeiro comercial que eu vi foi do HSBC (numa sanfona de levar passageiros atê o aviâo), aquele banco filho da puta q me roubava salârio em teresopolis!!!! Logo depois de pegar a mala vi dois caras do exercito circulando pelo aeroporto como se fossem parar o proximo atentado terrorista. Coisas da dupla benigna-do-bem-somos-melhores-que-vocês Bush-Sarkozy.Para alem do bem e do mal continei caminhando contra o vento (...) ateh pagar a fatidicaquantia de € 8,20 (um assalto msm para o povo da terra da baguete) para ir de trem RER (trem q vai p o suburbio) do Aeroporto Charles de Gaulle, que fica no norte, e a cité universitaire, no sul. Entâo cheguei na Maison du Bresil, na Cité Universitaire de Paris. A proxima foto serah da cité: foda, parece campus de faculdade americana, dessas harvard da vida q aparece em cinema americano!!! Mas chegar na terra da baguete sem conhecer nada eh foda... fui catando brasileiro pra me explicar as coisas... Mas tava muito virado... uma noite sem dormir no brasil e mais uma sem dormir no aviâo!!! tava quebrado!!! Mas nâo pude resistir a experiencias antropologicas no centro da cidada amor. Mas antes comi no bandeijâo da Cité, que naquele dia estava bom mas q desde entao soh tem piorado, o que me fez passar a comprar comida congelada para comer, q aqui eh muito barato. Alias essa questâo do preço e da Europa ser cara serah discutido em outro texto.... Enfim uma lasanha de um quilo sai por 2 euros, jah 4 tictacs custam 2,20!!! Passei a comer em casa ou junto com o Marco e a Renata, casal q conheci no dia seguinte a minha chegada. Falerei deles em outra oportunidade. A questao eh que no primeiro dia nao sabia nem como pagar e o q comer no bandeijao (ha varias opçoes de prato, a mais barata por 2,80!). Por sorte encontrei essa gente bronzeada que nao desiste nunca -brasileiros, eh claro - e me ajudaram na configuraçao socio-espacial da minha bandeija. Jah comido (ha!) larguei tudo e parti pra o centro para ver porque Paris eh o que eh (talvez devesse ir aos suburbios). No metro os brasileiros me ajudaram a comprar o ticket semanal -muito mais em conta - e parti para Notre Dame!!! Jah pensando na melodia... "notre dame, donne moi ta main (nossa senhora, me dê a mâo.... cuida do meu coraçâo". Nâo sei se foi nesse dia, mas uma das maiores experiencias antropologicas (de agora em diante chamarei de EA) aqui na França eh o metro, vulgo TATUZÂO: eh incrivel como ele chega em todo lugar, tem trens antigos tem novos, de um e dois andares, apertados e aconchegantes (como os do RJ), longos e curtos... e o mais incrivel: a linha 4, acho q uma das mais antigas, tem pneu em vez de roda de ferro!!!!! Bizarrissimo!!! O tramway, trens urbanos comuns na Europa, parecidos com bondes tb sâo estranhos. De uma belezq estranha....Mas chegando lah na Vossa senhora, vossa e nao nossa!!!!, o negocio e mesmo de espantar!!! A Votre Dame eh mesmo impressionante, ainda mais se pensarmos q foi construida em 1200 e alguma coisa, antes de haver qualquer ponto cruzando o rio. Tudo foi levado a barco: pedra, entulho, telhas, estatuas. Na porta tem varias estatuas de figuraças da igreja. reza a lenda q cada uma tem uma cara diferente, mas nao consegui perceber nada alem da atmosfera assustadora da idade media. No entanto percebi q uma das estatuas, na porta da esquerda segura a propria cabeça nas maos....deve ser uma figuraça santa da igreja q foi decapitada (em honra do senhor, irmao! pela gloria do senhor, irmao)... Quantas decisoes mafiosas jah nao foram tomadas sob aquelas paredes, eh o q se pensa a cada tijolo, a cada estatua, a cada banco visto. Quantos revolucionarios das diversas revoluçoes francesas nao quiseram coloca-la abaixo, mas ela ainda estah lah...Mas o q faz Paris bela eh o rio. Alias beleza de Paris eh muito estranha... talvez seja uma beleza pela irregularidade... nao ha esquinas em angulos retos... nao ha quarteiroes como no Brasil... tudo parece ser vielas, becos, ruelas, dirigir aqui deve ser um inferno!!!Apesar de tudo, ou por isso msm, tem muitas motos aqui... mas nada comparavel a minha lambreta.... soh motâo - com proteçao para frio, um cobertos.... tem ate moto coberta, moto c duas rodas... na frente! Mas se ao msm tempo Paris eh irregular, estranha, apertada, velha, o rio parece ser o contrario de tudo isso. Eh grande, parece guiar a cidade, e apesar de ser quase monocromatico como ela, parece colorir Paris.Naquele dia estava mto cansado, acho q fica claro na minha cara. Duas noites sem dormir... consegui dar umas voltas por Paris, ali por perto, ateh a Saint German de Prês, Hotel de Ville (prefeitura), beirada do Louvre; tudo eh novo, tudo diferente; tudo eh EA.Voltei pra Maison antes do anoitecer,ateh porque anoitece tarde aqui - lah pras 20h.Fui dormir,e acordei no dia seguinte sem saber onde estava,com muita dor nas costas. DORES DO PARTO!